Cá estou, de novo. Não o nego, gosto de estar aqui. Sempre fui um apaixonado por ciência, e ter sido convidado para ser co-autor deste blogue foi um convite que não pude recusar. Mas pronto, chega de conversa, e vamos ao que interessa.
Desde pequeno, sou apaixonado pela Lua. Para dizer a verdade, quem não é? Aquela enorme bola branca/cinzenta no céu, que ilumina as nossas noites. Muito linda. Diria que é difícil não gostar dela. Dito isto, vou falar-vos um pouco sobre ela.
Quero começar dizendo o óbvio: a Lua é o objeto extraterrestre mais próximo de nós. E arrisco dizer que é aquele que conhecemos melhor. Não gosto de ser desmancha-prazeres, mas nós humanos somos muito egocêntricos. Apesar de existirem mais de cento e sessenta luas conhecidas no Sistema Solar, a nossa é aquela que apelidamos de "Lua", com letra maiúscula para não lhe faltar destaque, como se fosse a mais importante. Diria que, para nós, é efetivamente a lua mais importante de todas. Pode ser apenas a quinta maior em termos de tamanho absoluto, mas quando comparamos a relação planeta-lua, a Lua é enorme. O diâmetro da Lua é um quarto do tamanho da Terra.
Em média, a Lua está a trezentos e oitenta mil quilómetros da Terra. Isso significa que ela é bem grande no céu. Porém, talvez não tão grande quanto se pensa. Quando a Lua emerge do horizonte, ela parece enorme, gigante, quase como se se pudesse cair para cima dela. Infelizmente, isto é apenas uma ilusão óptica, que se deve a dois fatores: como nós interpretamos tamanhos de objetos, e como observamos o céu. Na verdade, nós não vemos o céu como um hemisfério sobre as nossas cabeças. Nós vemo-lo mais como uma tijela achatada, na qual o horizonte é mais distante que o zénite. Por isso, quando a Lua está no horizonte, os nossos cérebros estão convencidos que ela está mais longe. Mas se está mais longe, então tem de ser fisicamente maior para parecer daquele tamanho, certo? Então, os nossos cérebros interpretam o tamanho lunar como gigante. É uma ilusão bem convincente. Na realidade, a Lua no céu tem mais ou mesmo o mesmo tamanho que um comprimido a um braço de distância. O nosso satélite é mais pequeno do que parece.
A estrutura interna da Lua é semelhante à da Terra. Tem um núcleo interno sólido, um núcleo externo líquido, um manto e uma crusta fina por cima. O núcleo é pequeno, com provavelmente trezentos e cinquenta metros de raio. É quente, mas não tão quente quanto o da Terra. O manto inferior pode ser líquido, mas o superior (ao contrário do da Terra), é sólido. A parte mais fácil de se observar, da Lua, é a superfície. Assim sendo, claro, sabemos muito mais sobre a superfície. O lado visível (aquele que vemos da Terra) está dividido em dois tipos distintos de regiões: montanhas e mares. As crateras nas montanhas são de impactos que ocorreram ao longo das eras. Os mares, contudo, não têm tantas crateras quanto as montanhas. Os mares são constituídos por rochas basálticas escuras. O lado oculto da Lua foi-nos desconhecido durante a maior parte da nossa História. A primeira fotografia do lado oculto da Lua foi tirada em mil novecentos e cinquenta e nove por uma sonda soviética. Toda a gente esperava que fosse semelhante ao lado visível , mas, para o choque de todos, quase não há mares lá. Além disso, a crusta no lado oculto é mais grossa do que a crusta do lado visível.
A Lua começa a ter imensos mistérios à sua volta. Por que é ela tão grande comparada com a Terra? Por que são os lados oculto e visível tão diferentes? As crustas da Lua e da Terra têm imensas semelhanças, e imensas diferenças, ao mesmo tempo. Porquê? Parece que as respostas a estas questões estão relacionadas com a maneira como a Lua se formou. E sobre isso, falarei noutra publicação.
Um bem-haja.